domingo, 26 de abril de 2009

blá blá blá do principezinho com a raposa

- Que quer dizer "cativar"?
- É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. - Significa "criar laços"...
- Criar laços?
- Exatamente - disse a raposa. - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender - disse o pequeno príncipe. - Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
- A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa. - Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? - perguntou o pequeno príncipe.
- É preciso ser paciente - respondeu a raposa. - Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás um pouco mais perto...
Assim o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua - disse o principezinho. - Eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis - disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! - disse ele.
- Vou - disse a raposa.
- Então, não terás ganho nada!
- Terei, sim - disse a raposa - por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Assim, compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te presentearei com um segredo.
O pequeno príncipe foi rever as rosas.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus... - disse ele.
- Adeus - disse a raposa. - Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
- O essencial é invisível aos olhos - repetiu o principezinho, para não se esquecer.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu ele, para não se esquecer.
- Os homens esqueceram essa verdade - disse ainda a raposa. - Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa...

[trechos da conversa do Pequeno Príncipe com a raposa
Antoine de Saint-Exupéry ]

quarta-feira, 22 de abril de 2009

o Pretérito é Perfeito?

Bastaria ser imortal para ele.
Aquele amor bastaria.
Satisfazia a fome, o frio, e qualquer vazio ou inconforto.
Bastaria ser pra sempre.
Se não fosse o conflito do futuro do pretério desordenando o presente devido a uma condição.
Uma única condição, fracassada.
Esse tal do 'ria' ou 'rie' depois do radical, com excessão (como em tudo) do dizer, trazer e fazer.
Por que não existe o presente mais-que-perfeito, nem o futuro mais-que-perfeito?
Será mesmo que só o pretérito pode ser mais-que-perfeito?
NOSTALGIA! SAUDOSISMO!
Como o romântico, o poeta pessimista, rodeado de dor e tristeza.
Por que Gonçalves Dias sentiu medo de morrer antes de voltar pra sua terra onde tinha palmeiras e o Sabiá cantava?
Por que Manuel Bandeira quis ir embora pra Passargadá?
Não foi só porque lá é amigo do rei, mas aqui não era feliz.
Aqui é hoje, o lá é indefinido...
O primeiro senso é o medo em seguida a fuga [Fernando Anitelli].
Mas por que o medo? Por que fugir?
Da dor ou de ser feliz?
Sim, afinal ser feliz é correr um risco...
Correr o risco de dar certo.
"A essência da felicidade é não ter medo" [Nietzsche]

domingo, 19 de abril de 2009

todo dia era dia de índio...


... mas agora ele só tem o dia 19 de abril.

sábado, 18 de abril de 2009

quinta-feira, 16 de abril de 2009

mais e mais

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."

[Clarice Lispector]

Tô super Clarice por esses dias...
ela é sensacionaal!!
Mais dela terá por aqui!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

I just can´t live with


Calo

Um espectro ronda por aí.
E não há nada que ela possa fazer.
Ah se não fosse o jazz...
E se fosse a primeira vez,
certamente enlouqueceria.

Retrato

Já escondi um amor com medo de perdê-lo, já perdi um amor por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...
Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!

[Clarice Lispector]

segunda-feira, 13 de abril de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

a-ná e o mar

veio de manhã molhar os pés na primeira onda
abriu os braços devagar e se entregou ao vento
o sol veio avisar que de noite ele seria a lua,
pra poder iluminar a-ná, o céu e o mar
.
sol e vento, dia de casamento
vento e sol, luz apagada no farol
sol e chuva, casamento de viúva
chuva e sol, casamento de espanhol
.
a-ná aproveitava os carinhos do mundo
os quatro elementos de tudo
deitada diante do mar
que apaixonado entregava as conchas mais belas
tesouros de barcos e velas
que o tempo não deixou voltar
.
onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
quem já conseguiu dominar o amor?
por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?
porque a gente nunca sabe de quem vai gostar
.
a-ná e o mar... mar e a-ná
histórias que nos contam na cama
antes da gente dormir
.
a-ná e o mar... mar e a-ná
todo sopro que apaga uma chama
reacende o que for pra ficar
.
quando a-ná entra n'água
o sorriso do mar drugada se estende pro resto do mundo
abençoando ondas cada vez mais altas
barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar
desse novo amor... a-ná e o mar

O Príncipe

Eu conheci um menino
encantador como um Príncipe.
Com as paixões de um Príncipe,
cabelo de um Príncipe,
vivo como um Príncipe.
Lindo como um Príncipe.
Com voz de Príncipe,
intensidade de Príncipe.
Apaixonante como um Príncipe.
Eu conheci um Príncipe...
Mas o Príncipe tem medo.
E virou sapo.

sábado, 11 de abril de 2009

Pra quê me perfumei?

"... Espero não ter cometido nenhum erro, porque erros se cometem e, justamenente, só são reparados depois, não na hora.
Tantos me esperam, tantos me aguardam, me perguntam e eu pergunto só aos que não me respondem. Passe adiante, amigo! Passe por cima. De lá poderá ver mais de perto o que de longe parecia tão fértil. Se o Jordan e o Jazz não estivessem comigo não sei o que seria de mim. "

[Gustavo Piccirillo]

terça-feira, 7 de abril de 2009

e lá de longe...

"Desconhecendo a essência da vida, vivo essencialmente a minha maneira"
Ana tatuou!
Ah se eu lembrasse disso toda vez que as cores se perdessem...
Cabeça de girico! Memória de girico...
Mas hei de lembrar!
Nem que eu tenha que com batom escrever no espelho do banheiro, com caneta na superfície da mão, pôr um lembrete no meu celular... como eu faço com os relatórios que tenho que enviar todo dia 28 do mês, e com a reunião que ficou marcada para 2ª às 10h., com a mensalidade que vence no dia 30...
Afinal, "essencial é viver"...

Essencial eh amar.
Eh saber olhar o mais simples sorriso dado.
Eh olhar, acordado, o momento infimo da folha ao cair.
Eh pensar sem pensar e pensar no que dizem.
.
Eh sentir o andar
com os pes em chao de giz
Eh saber correr sem ter preca de ser feliz
E por um triz perder o ar ao vento sentir.
.
Eh gargalhar sem medo
Com medo apenas de ter fim.
Eh abracar sem ter que dizer um A
Apenas dizer que sim.
Eh se entregar!
Eh servir de instrumento
Para os acordes da vida
Eh saber dar vida
A tudo o que estar por vir!
.
Cadu 29.03.2009 22:07
.
[saudades amigo]

quarta-feira, 1 de abril de 2009

1º de abril

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor,
A dor que deveras sente."

[Fernando Pessoa]